sexta-feira, 30 de abril de 2010

Carta "Manifesto"

Eu, Ubirajara Rodrigues de Barros, nascido no ano de 1981, maceioense, natural de Alagoas, venha através desta carta aberta ao público, expor meu ponto de vista sobre o Estado de Alagoas. Gostaria de deixar claro, mais uma vez, que este é meu ponto de vista e tudo que falarei assumirei e me torno inteiramente responsável.

Gostaria de deixar claro também que não sou associado a nenhum partido político e também não tenho intenção de fazê-lo e tampouco me tornar famoso ou algo parecido por tais declarações, simplesmente quero mostrar minha insatisfação com o jeito que o Estado onde eu nasci e fui criado é tratado, por seus próprios filhos e pelo Brasil.

É com muita tristeza que digo que hoje já não moro mais em Alagoas, hoje moro em Recife – PE, estado vizinho o qual já fizemos parte no tempo das Capitanias e províncias, se tornando Estado posteriormente. Estado apenas de nome, pois de fato ainda continua ter um pensamento de província, digo até mais feudal. Quem mandava e ainda manda em Alagoas são os donos de grandes extensões de terras, sejam elas conseguidas de maneiras justas ou não. A monocultura ainda impera dentro do Estado e só. Como se diz, “ninguém quer largar o osso”, não estou querendo que ninguém divida a sua riqueza, mais que pelo menos deixe o Estado crescer sozinho. Eu não quero ser obrigado a trabalhar para nenhum latifundiário, pior o próprio Estado se faz “latifundiário” quando não da alternativa para que as pessoas possam crescer.

Pouco se vê de efetivo quando falamos de políticas públicas para educação, saúde, geração de emprego e renda, moradia, etc.. Quem manda não deixa vir outro tipo empreendimento, como por exemplo, uma indústria, se não houver algo em troca, não se vê grandes indústrias ou grandes corporações querendo investir em nossa Alagoas, ou melhor, vou retirar o que disse, até se tem e se vê, porém como falei, não é fácil entrar em Alagoas. Muitos dizem que estão ajudando o estado criando emprego, aumentando usinas..., espere um pouco, todo mundo em Alagoas tem que ser cortador de cana? Nada contra tão injustiçada profissão, porém quem passa 4 ou 5 anos em uma faculdade, depois faz sua pós-graduação, mestrado, doutorado, não quer cortar cana! Falo pelo menos por mim, eu gostaria muito de ser útil e gerar dividendos para mim e de tabela para o Estado, poder bater no peito e poder afirmar que onde eu vivo as pessoas tem oportunidades e podem exercer de uma maneira digna e bem remunerada a profissão que escolheram ter e não ficar dependendo de alguns setores do Estado, como a agra-indústria e o próprio Estado, que aparenta gostar de ter todo mundo empregado nele e as conseqüências são, baixos salários para os servidores e nenhum poder de investimento e péssimos serviços oferecidos a sociedade em geral.

Qual é a real pesquisa cientifica que existe em nosso estado? Se existirem ficam dentro das universidades para alguns poucos e só. Qual é a real cultura que temos em nosso Estado? Temos sim, mais feita por dois ou três de uma forma desorganizada, já que não é foco dar educação e cultura para ninguém, pois assim fica difícil nas eleições as mesmas pessoas que sugam Alagoas continuarem sugando. Um exemplo de falta de cultura clássico para mim é o que o bairro do Jaraguá é hoje em dia e o que já foi há até 10 anos atrás. Vou citar como exemplo o que eu escutei de um mineiro que hoje mora no Estado da Paraíba, ele falou que lá em Alagoas, foi um dos melhores lugares que ele já foi, falou que foi em uma “rua” que era muito diversificada culturalmente e animada. Logo pensei e falei: “Você foi no bairro do Jaraguá..., pois bem, aquilo lá já não existe mais...”. Ele olhou para mim e perguntou: “Como um lugar daquele pode ter acabado?”. Para mim é muito simples, falta de interesse público de manter o lugar, de gerar emprego de outra forma, ter cultura na cidade. Hoje diversão de Maceió se resume a barzinho e orla. Isso é muito pouco. Fico muito triste por Alagoas, quando estou aqui em Recife, cidade “vizinha” e vejo que aqui também tem mazelas, mais deixam a cidade viver...

Ela tem a sua vida cultural, política, econômica, etc.. É tão difícil assim deixar um Estado andar com suas próprias pernas? É tão difícil assim “largar o osso” um pouco. Senhores donos de Alagoas, não vou apelar para as vossas consciências, pois sei que de nada irá adiantar, venho apelar para o povo alagoano, temos que valorizar nossa terra, temos que deixar de ter o sentimento de mediocridade. Isso mesmo, agimos como pessoas medíocres. Um exemplo disso é achar que tudo que vem de fora é bom. Vou citar o meu exemplo, hoje como já falei, não estou morando em Maceió, simplesmente por que quem é criado e educado no Estado é considerado incapaz tanto pela iniciativa privada como pública. Lembro que quando trabalhei em uma fábrica de software em Alagoas, apresentamos uma solução para o próprio governo e um gestor de tecnologia ao ser apresentada a idéia falou que dificilmente iríamos conseguir produzir isso e que teríamos que contratar uma empresa de fora do estado. Resumindo, após alguns meses de pesquisa, conseguimos desenvolver tal ferramenta e apresentar e ele após ver, admitiu que ficou muito boa e se mostrou impressionado com o resultado. Pois bem, que se algum dia eu voltar para o meu estado, e eu quero muito isso, agora provavelmente irão me pagar melhor, pelo simples fato de ter trabalhado fora dele.

Então alagoanos, vamos gostar de ser alagoanos, vamos seguir o exemplos de vários estados que defendem tudo que produzem prestando ou não (tirando os políticos logicamente). Sei que o Estado não nos dá incentivo para tal e sim ele nos desamina e muito. Hoje até se vê um pouco de luz, estão querendo implantar um estaleiro, mais à surdina muitos tentam boicotar e depois aparecem em propagandas políticas dizendo que trazem recurso e ajudam o Estado. Se vê uma melhora no pólo industrial de Maceió, mais repito, isso é muito pouco. Temos que ter ambições, mais uma vez cito Recife como exemplo, ouvi uma vez que para se fazer um pólo de tecnologia em Alagoas, seria preciso 100 anos...?! Poxa, o Porto Digital do Recife, nesse ano de 2010 completou 10 anos! Ele hoje tem investimento de várias partes do mundo, por favor, é só ter um pouco mais de vontade, ele não nasceu perfeito e não é perfeito, gestão é uma coisa continua, não vai ser no primeiro ano que tudo vai funcionar e vai ter prédio da Microsoft ou Google em Alagoas. Mais para isso o Governo tem que criar as condições e suportar o projeto por alguns anos até que ele possa caminhar só!
Sugiro a todos os Alagoanos a pensarem uma maneira de revitalizar nosso Estado, criar uma simples página na Internet com um tema que desde já vou lançar, “Queremos Jaraguá de volta!”, vamos recolher depoimentos, fotos e fatos do tempos alegres do Jaraguá de 15, 10 anos atrás, vamo exigir um lugar público seguro para que as pessoas de bem possam se divertir e se renovar culturalmente.

Depois podem surgir outras campanhas, como, “Queremos biblioteca públicas nos bairros!”, e organizar isso de uma forma que “incomode” no bom sentindo da palavra aqueles que podem fazer um pouco mais.
É de grão em grão que a galinha enche o papo, já diz o ditado popular, vamos usar a força das redes sociais e Internet para isso, quer dizer isso é mais uma ferramenta, afinal Internet não serve só para MSN e Orkut, vamos usá-la para melhora o nosso dia a dia, sua comunidade, seu bairro, seu município, Estado!

Posso estar parecendo um sonhador, e acho que sou mesmo, mais se começarmos a nos organizar podemos mudar muita coisa. E já irei iniciar a organização do site sobre Jaraguá e aceito voluntários!

Para me despedir e me desculpar pelo tamanho do texto e deixo uma frase de Mahatma Gandhi:
“Você deve ser a própria mudança que deseja ver no mundo.”

10 comentários:

André Atanasio disse...

Opa mestre,

Mandou muito bem no texto. Concordo com praticamente tudo. E sobre Jaraguá é exatamente o que me pergunto "Como deixaram aquilo acabar?". Era um lugar fantástico. Só vi algo semelhante em Fortaleza em 2001, se não me engano. Não me lembro do lugar precisamente, mas era ao lado do planetário.

O único ponto que não posso concordar plenamente contigo é sobre pesquisa. O estado ainda tem muito a evoluir, mas desde que iniciei minha graduação aí a coisa melhorou sensivelmente neste aspecto.

Entrei em 2000 na UFAL e concluí minha graduação (Ciência da Computação) em 2003. Neste período vi multiplicar o número de projetos cietíficos por lá. Participei de 2. Em 2004 vim para Campinas (SP) fazer mestrado e naquele mesmo ano começou o mestrado em Computação na UFAL. Hoje já vejo comentários sobre a possibilidade de um curso de doutorado lá.

Ainda há muito o que melhorar, mas a coisa avançou e muito nos últimos anos.

Outra coisa que penso é que esta conversa de estado falido, que tanto ouvimos aí em Alagoas, é um baita negócio para os políticos. Desta forma ele tira a responsabilidade de seus ombros. Pensem nisso. Nosso estado tem condições de buscar posições melhores, basta vontade política e uma postura diferente da população.

Bira disse...

Opa André, valeu a participação. Quando falei sobre a area da educação, quis falar mais sobre a educação de base, realmente não deixei isso claro. E acho somente que tudo produzido nas universidades, e isso não se restringe a Alagoas, poderiam ser um pouco mais divulgadas e utilizadas pela a população, não que não seja, mais acho que de maneira muito tímida.

Abraço.

André Atanasio disse...

Sim. É verdade. As pesquisas deveriam ser melhor utilizadas para dar um retorno para a sociedade, ou seja, de alguma maneira melhorar a qualidade de vida da população. Outra coisa que deveria ser melhor explorada na universidade é a parte da extensão. A universidade representa um alto custo para a sociedade e, assim, deveria dar muito mais contribuição a ela.

. disse...

Achei plausível sua indignação, ando aflita também com isso, apesar de não ter acompanhado os belos tempos de Jaraguá, foi nos anos que morei em Pernambuco. Acho que as pessoas têm em mãos o poder de junto ser mais, se muita gente comunga de uma mesma indignação, por que não juntar forças... Acho também que estamos nos acostumando com essa nova realidade, e que muitas vezes nos passa despercebida. As políticas públicas, nossa educação, os jovens se acabando nas drogas, famílias desestruturadas... Enfim isso tudo que você já tá cansado de saber. Mais não adianta ficarmos aqui choramingando temos que agir buscar soluções, reivindicar, gritar, e executar colocar a mão na massa... Só assim vamos recomeçar a construção de uma Alagoas que acolhe o filho amado e não o excomunga de sua terra, que lhe dê condições de permanecer e crescer dentro de seu Estado.

Xerão
Jennifer Bruna.

Dieges Lima disse...

Conta comigo aew...

Flaubert Tabosa disse...

Minha situação é a inversa felismente, pois tenho orgulho de dizer que sou recifense, mas moro em Maceió e amo essa terra, sinto certa angústia de viver exatamente na realidade que você descreveu, FALTA POLÍTICAS PÚBLICAS em favor da POPULAÇÃO.
A falta de informação gera maus esclarecimentos e induzem a sociedade a errarem sem intensão, sem saber, erram pela ludibriação dos "esclarecidos" e de não conhecerem outra realizade cultural.

PODE CONTAR COMIGO.

ALAGOAS QUER INDÚSTRIAS ESTADUAIS, LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS ESTADUAIS COM REMÉDIOS A PREÇO DE CUSTO, BIBLIOTECAS PÚBLICAS, TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL DE QUALIDADE, ORGANIZAÇÃO DOS CORREDORES DE ÔNIBUS NA CIDADE, CULTURA DE QUALIDADE NO JARAGUÁ, MÚSICA DE QUALIDADE, CADÊ OS ARTISTAS ALAGOANOS, CADÊ OS INSENTIVOS DAS SECRETARIAS DE CULTURA, QUEREMOS UM CHEVROLET HALL EM MACEIÓ. ENFIM, QUEREMOS QUALIDADE DE VIDA PARA O POVO QUE HABITA A CIDADE.

Queremos festivais de cultura popular.

Flaubert Tabosa disse...

Minha situação é a inversa felismente, pois tenho orgulho de dizer que sou recifense, mas moro em Maceió e amo essa terra, sinto certa angústia de viver exatamente na realidade que você descreveu, FALTAM POLÍTICAS PÚBLICAS em favor da POPULAÇÃO.
A falta de informação gera maus esclarecimentos e induzem a sociedade ao erro sem intensão, sem saber, erram pela ludibriação dos "esclarecidos" e de não conhecer outra realizade cultural.

PODE CONTAR COMIGO.

ALAGOAS QUER INDÚSTRIAS ESTADUAIS, LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS ESTADUAIS COM REMÉDIOS A PREÇO DE CUSTO, BIBLIOTECAS PÚBLICAS, TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL DE QUALIDADE, ORGANIZAÇÃO DOS CORREDORES DE ÔNIBUS NA CIDADE, CULTURA DE QUALIDADE NO JARAGUÁ, MÚSICA DE QUALIDADE, CADÊ OS ARTISTAS ALAGOANOS, CADÊ OS INSENTIVOS DAS SECRETARIAS DE CULTURA, QUEREMOS UM CHEVROLET HALL EM MACEIÓ. ENFIM, QUEREMOS QUALIDADE DE VIDA PARA O POVO QUE HABITA A CIDADE.

Queremos festivais de cultura popular.
Queremos oficinas culturais públicas
Afinal, temos esse direito ou não?

Flaubert Tabosa disse...

Quanto Pesquisas científicas, faltam insentivos dos fundos de investimento seja estadual ou federal.
Para isso os PESQUISADORES DAS UNIVERSIDADES EM ALAGOAS devem unir suas forças para APROVAR PROJETOS importantes, seja no âmbito estadual ou federal, de importÂncia econômica, social, sustentável etc. Para isso deve existir insentivo do Governo do Estado para com os PESQUISADORES, coisa que não existe!
QUAIS EMPRESAS ESTADUAIS DE PESQUISA CIENTÍFICA EXISTE EM ALAGOAS?

André Atanasio disse...

Sobre as pesquisas científicas, eu não concordo plenamente com o Flaubert Tabosa. Eu acho que o problema central aqui é cultural. Incentivo do governo até que há. Já foi bem pior. O problema é a visão de pesquisa deve ficar restrita a universidade.

No Brasil de uma forma geral, não há pesquisa no setor privado. E isso explica, em boa parte, a nossa posição perante o mundo. Um exemplo, é a indústria farmacêutica. Faz algum tempo, trabalhei em um projeto ligado a este seguimento e descobri que, depois dos genéricos, a indústria farmacêutica nacional cresceu bastante. Tanto que em 2006/2007, quando trabalhei nisso, das 12 maiores indústrias do setor no Brasil 5 eram nacionais. Isso é bastante expressivo. Porém é preocupante o fato de que elas não investem em pesquisa. Apenas reproduzem algo que já vem pronto de fora.

Desta forma, a indústria brasileira fica bastante fragilizada e com o passar do tempo a tendência é de que perca espaço. Isso é ainda mais crítico porque dispomos de uma riqueza natural enorme e poderíamos aproveitar esta diversidade para não só fortalecer a indústria nacional como também para melhorar a qualidade de vida de nossa população, seja oferecendo medicamentos a um custo menor ou desenvolvendo fármacos específicos para os problemas de nosso povo.

Bira disse...

soube de um novo fato, a fapeal esse ano tinha dinheiro pra bolsas X, ai gastaram X + Y e não tem mais bolsa pra ninguem..., pra onde foi a grana? eu não sei, naum vi nenhuma pesquisa com um bom retorno para a população ou ate mesmo pra alguem...